Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
LEAN PRODUCT DEVELOPMENT
O que acham que é: Uma abordagem utilizada apenas por startups.
O que realmente é: Lean Product Development é uma abordagem que aplica o conceito de lean manufacturing (“enxugamento” ou “encurtamento” de processos) a técnicas já existentes de desenvolvimento de produto tornando-as ágeis e lucrativas. É usada principalmente no setor automobilístico e, em função de sua origem, é diretamente associada à japonesa Toyota.
De acordo com Rene José Rodrigues Fernandes, professor e gerente de projetos do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGV-CENN), dentre as técnicas englobadas pela abordagem estão o envolvimento de fornecedores já na criação dos produtos e a constituição de equipes multifuncionais e integradas (com marketing, operação, materiais, logística e design, entre outras, já trabalhando juntas no desenvolvimento). “Além disso, há também o desenvolvimento simultâneo de várias partes do produto, a utilização de times de engenharia com grande know-how e a gestão estratégica dos projetos, com foco no mercado.”
Luis Fernando Marques, professor de MBA em Gestão na Unisinos e consultor sênior da Innova Consulting, o Lean Product Development busca o reúso do conhecimento e a multiplicidade de alternativas e de designs para construir o projeto final de um produto. “Quando começou a ser aplicado, a Toyota desenvolvia um novo modelo de veículo a cada 16 meses enquanto as empresas americanas levavam 40.”
Quem inventou: A abordagem criada como parte do conjunto do Sistema Toyota de Produção, por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno. Fernandes diz que a popularização se deu com a publicação do livro The Machine that Changed the World – The Story of Lean Production, escrito por James P. Womack, Daniel T. Jones e Daniel Roos. “O livro é baseado em um estudo de cinco anos do MIT sobre o futuro do automóvel”, conta.
Quando foi inventado: A abordagem da Toyota se deu na década de 1950 e o livro The Machine that Changed the World foi escrito em 1991. Nessa época, a Toyota tinha a metade do tamanho da General Motors mas superou a concorrente americana, 20 anos depois, graças à abordagem documentada na obra.
Para que serve: Para que produtos sejam desenvolvidos com mais rapidez, demandem menos horas de engenharia e tenham mais qualidade. Também para a diminuição de problemas no início da operação, visando principalmente encurtar o tempo de chegada ao mercado. Fernandes diz que os defensores do conceito alegam que, com etapas mais curtas ou enxutas, os riscos de falha são menores e, quando há falhas, são mais facilmente identificáveis e a solução é mais rápida. “Encurtar o tempo de chegada ao mercado, é sobretudo, visto como uma estratégia importante para sair à frente e conquistar clientela antes da concorrência.”
Segundo Marques, em projetos de maior complexidade, como veículos e softwares, por exemplo, a abordagem demonstra mais ainda todo o seu potencial em ganhos de custo e tempo, por diminuir o retrabalho nas definições de escopo e no planejamento do projeto: “Além disso, aumenta a precisão no acerto das especificações do produto com os requisitos dos clientes”.
Quem usa: Marques conta que o Lean Product Development tem sido utilizado por grandes empresas em processos de desenvolvimento de produtos complexos como aviões, carros, softwares, etc. “Um exemplo é a Embraer, o utiliza em seus programas de desenvolvimento de novas famílias de aeronaves, conseguindo uma grande economia de recursos e tempo, além de obter um potencial de receita muito elevado desses produtos”, diz.
De acordo com Fernandes, organizações, privadas e do terceiro setor, e também agências governamentais fazem uso da abordagem. Ele prossegue: “Mais recentemente, o Lean Product Development foi amplamente adotado por startups do setor da tecnologia da informação ou que possuem grandes investimentos em P&D. Isso está documentado no livro The Lean Startup, de Eric Ries, que transportou os conceitos utilizados pelas grandes empresas para empresas nascentes.” No Draft, já falamos de Lean Startups.
Efeitos colaterais: Implementação de apenas parte das técnicas ou má condução da abordagem. “Algumas empresas tentam adotar uma metodologia ‘enxuta’, mas o que acabam fazendo é não observar características mínimas exigidas pelos potenciais consumidores ou produtos de baixa qualidade ou durabilidade. Isto pode comprometer a reputação da empresa a longo prazo”, diz Fernandes.
Quem é contra: Para Sandro Valeri, gerente sênior de inovação da Embraer, uma parte da academia entende que não há novidade no Lean Product Development em relação à outra abordagem, o Simultaneous Engineering. “Já as empresas europeias, em geral, têm um modelo fortemente baseado em processos de desenvolvimento rígidos, que acreditam ser melhores do que o Lean Product Development, embora seus prazos e custos sejam maiores”, diz.
Para saber mais:
1) Veja o slideshare Lean Product Development Process que explica a abordagem em 28 telas.
2) Assista, no YouTube, Lean Product Development Principles que, em menos de 10 minutos, introduz a abordagem.