Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
SPRINT
O que acham que é: O mesmo que Scrum.
O que realmente é: Sprint é uma metodologia de trabalho para desenvolvimento de software e hardware, ou desenvolvimento de produto, na qual um grupo pessoas (variável, mas gira em torno de 10), de preferência de áreas diferentes (design, tech, marketing, business etc.), trabalham em torno de um objetivo específico e com critérios claros de desenvolvimento. O período de tempo é importante e, necessariamente, determinado na primeira reunião. Geralmente é de uma semana mas pode chegar a três ou, estourando, 30 dias. É feito em etapas e inclui a construção de protótipos, o que contribui, e muito, para a agilidade do resultado.
A questão do tempo tem peso fundamental no Sprint. Segundo Heloisa Neves, fundadora da We Fab (consultoria maker que aplica colaboração a processos de inovação e implantação de makers), e professora do Insper, o Sprint está inserido na lógica das metodologias ágeis (Agile Methods). “Elas são usadas para, em pouco tempo, gerenciar e solucionar de problemas complexos que exigem muita concentração e esforço do grupo.”
O Sprint nasceu dentro de um Agile Method específico, o Scrum sendo uma de suas peças no processo. Não há Scrum sem Sprint mas há Sprint sem Scrum — é deste braço independente de que estamos falando aqui.
Na prática, um Sprint consiste em: reunião planejamento, na qual o proprietário do produto (quem solicita o trabalho) e a equipe de desenvolvimento decidem o que será realizado; estabelecimento do tempo de duração pela equipe de planejamento; reuniões diárias para discussão do progresso e brainstormings de soluções para os desafios; apresentação dos resultados pela equipe ao proprietário do projeto que, utilizando os critérios estabelecidos na reunião de planejamento, aceita ou rejeita o trabalho.
Sprint e Service Design Sprint não são a mesma coisa. Apesar de ambos terem uma proposta de agilidade e visarem resolver problemas de processos em grupo, o SDS é baseado no Design de Serviços e combina o método Lean Startup com a abordagem do Design Thinking. De acordo com Izabella Neves, Service Design Thinker no Itaú, o Service Design Sprint “busca a criação de soluções, centradas no ser humano, com valor de negócio e tecnologicamente viáveis”.
Quem inventou: O Sprint nasce atrelado ao Scrum, cujos inventores são Jeff Sutherland (o mais conhecido) e Ken Schaber.
Já o boom do Sprint, segundo Neves, aconteceu quando o Google lançou o Google Design Sprint. “Ele se baseia nas regras do desenvolvimento de software tradicional mas acrescenta ambiente, materiais, tempo e templates específicos.”
Quando foi inventado: O Scrum, no fim dos anos 1990. O Google Design Sprint começou a rodar em 2010 pelo designer Jake Knapp, no Chrome, no Google Search e no Google X. Em 2012, Knapp levou o Sprint ao Google Venture.
Para que serve: Como já dito, um dos principais usos do Sprint é solucionar, de forma ágil, problemas complexos e multiárea. Fernando Masanori Ashikaga, professor de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) São José dos Campos, diz que o Sprint serve também para resolver pendências abertas de um determinado projeto. “Há muitas contribuições em pouco tempo, mais pessoas passam a fazer parte do ecossistema de contribuidores e há muito aprendizado rapidamente.”
Neves diz que o Sprint é benéfico quando metodologias tradicionais se mostram limitadas para resolver problemas inerentes a projetos contemporâneos. “Nesses casos, o Sprint faz com que a interação entre o grupo seja mais clara, diminuindo o problema com eventuais falhas comunicacionais, muito comum em um processo de desenvolvimento tradicional.”
Quem usa: Qualquer grupo, empresa, governo, iniciativa etc. Google, Drobpox, Airbnb, Spotify, Nest (gigante de produtos de automação para casas), InVision (plataforma de design colaborativo), L’Oréal, Weber Quartzolit, Natura e Suzano, para citar algumas empresas.
Efeitos colaterais: Falha na entrega se o time não tem conhecimento suficiente sobre a metodologia ou se o resultado alcançado não se insere no gerenciamento tradicional do qual o projeto faz parte.
Segundo Neves, se não estiver claro que o resultado do Sprint deve ser reinserido ao gerenciamento tradicional do projeto, ele não vai haver impacto no desenvolvimento do produto. “O resultado vai ter servido apenas como insight. O Sprint não irá ter efeito e frustrará o time”, afirma ela.
Quem é contra: Neves diz não acreditar haver quem seja contra mas, por outro lado, diz que há uma descrença na metodologia, por parte de algumas pessoas, por ela ser mais flexível, aberta e criativa. “Alguns líderes ainda possuem certo receio de que seja somente uma ‘diversão’. No entanto, ao participar de um processo bem feito e ver os resultados, é grande a chance de que mude de opinião.”
Para saber mais:
1) Assista, no YouTube, The design sprint: from Google Ventures to Google[x], palestra de 2014 em que Jake Knapp explica o Google Design Service em 45 minutos.
2) Leia, no TechTarget, um passo a passo de como se dá, na prática, um Sprint.
2) Na Forbes, o texto Design Sprints: Getting Your Ideas To The Finish Line Faster compara o Sprint às abordagens profissionais (exaltando o primeiro) e começa dizendo que essa percepção veio do esporte — especificamente após os Jogos Olímpicos no Rio.