Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
SERVICE DESIGN SPRINT
O que acham que é: O mesmo que Design de Serviços
O que realmente é: Service Design Sprint (SDS) é um formato acelerado de criação de soluções para projetos e negócios. É baseado no Design de Serviços e combina, estrategicamente, o método Lean Startup com a abordagem do Design Thinking. Segundo Flávia Ursini, que é Service Design Sprint Master, Design Thinker e fundadora do Inova na conversa, no SDS, o Lean Startup foca na lógica racional da era industrial e o Design Thinking trabalha na intersecção das demandas reais do ser humano, da tecnologia e dos recursos disponíveis, humanizando o processo. “Além disso, propõe times de trabalho multidisciplinares, com pessoas chaves da liderança da organização, facilitadores designers e usuários”, diz.
Os times a que ela se refere são parte fundamental do processo, que ocorre, geralmente, em cerca de 40 horas divididas em quatro dias (há lugares que usam quatro; outros que chegam a 10, mas com 80 horas). Em uma série de encontros, um grupo multidisciplinar responde a questões sobre criação, renovação e avaliação de um negócio através da empatia; cocriação com usuários; prototipagem e refinamento.
Izabella Neves, que é Service Design Thinker no Itaú e empreendedora do Work Up Lab, diz que o processo acontece em quatro etapas: Projection (com pesquisa centrada no ser humano, compreensão do mercado de atuação, tendências, comportamento do usuário e de mercados análogos), Perspectives (cocriação, brainstorming de soluções para aprimorar o serviço), Playground (prototipagem e momento em que o usuário reajusta ou redesenha as soluções com base no uso) e Polish Off (refinamento e construção do backlog, a lista com todas as ações estratégicas focadas na marca e na necessidade do usuário).
“No final dessas etapas, busca-se a criação de soluções, centradas no ser humano, com valor de negócio e tecnologicamente viáveis”, afirma.
Ursini conta que o SDS é um mergulho no contexto do negócio, para o qual cria impacto, e acelera a criação de soluções de valor para o usuário. “Na jornada, entende-se as maiores demandas do usuário, ou seja, suas ‘dores’, e isso permite que se proponham soluções relevantes. É como se fosse uma arrancada, por isso o nome Sprint.”
Quem inventou: Tenny Pinheiro, brasileiro radicado nos Estados Unidos, cofundador da Hivelab (uma dos precursoras de Design Thinking no Brasil) e autor do livro The Service Startup, inovação e empreendedorismo através do Design Thinking. Pinheiro baseou o SDS em um modelo, o MVS (Mínimo Serviço de Valor), criado por ele, que é uma resposta ao MVP (Produto Mínimo Viável).
Quando foi inventado: O livro de Pinheiro foi lançado nos Estados Unidos em 2014 e, no Brasil, em 2015. Ele é cofundador, ao lado de Renato Endo e Alessandro NG, da Service Design Sprints, empresa e comunidade global de Service Designers (Sprint Masters) que fornece cursos de formação e aprimoramento, com certificação.
Para que serve: Para acelerar a inovação nos negócios, resolver problemas ou desafios (a partir da experiência de uso do usuário), descobrir principais pontos de contato com um produto ou serviço. Para Ursini, o que prevalece, na nova economia, não são os produtos, mas o acesso a eles, ou seja, o serviço. “O Service Design Sprint tornou acessível uma consultoria em inovação da qual antes só grandes organizações podiam se beneficiar”, afirma.
Neves diz que, por criar serviços orientados aos usuários, o SDS trás menos desperdício e mais retorno financeiro. “São os dois principais benefícios, afinal. Mas um outro ponto muito rico é que todos aprendem juntos durante o processo, e isso ajuda a disseminar a cultura participativa.”
Quem usa: Tanto startups como médias empresas e grandes organizações. A Cisco (em seu programa de aceleração de startups nos EUA) e a ProjectHub são alguns exemplos. O Google tem seu programa próprio de SDS, o Google Design Sprint, desenvolvido pela Google Ventures (GV), o braço da empresa focado em testar e acelerar ideias que ainda estão em estágio inicial de desenvolvimento.
Efeitos colaterais: O SDC pode trazer resultados aquém das expectativas, por falta de envolvimento da liderança, ou soluções muito genéricas em caso de desafios demasiadamente abrangentes. Ursini diz que, neste caso, para que se obtenha respostas mais específicas, é preciso restringir o desafio. “Outra solução é realizar um sprint para cada etapa do desafio.”
Quem é contra: Apesar do desejo de inovação de muitas organizações, na prática, isso não costuma fazer parte de suas estratégias, diz Ursini. “Isso se deve à aversão ao risco, à falta de prioridades e à escassez de recursos. O Service Design Sprint pode diminuir esses receios, mas a empresa deverá criar um espaço para o aprendizado, para criar junto com o usuário e afinar seu foco em buscar melhores soluções para ele.”
Para saber mais:
1) Faça o download do Product Design Sprint Playbook, do Google. O PDF é um conjunto de slides sobre como liderar um grupo em até cinco dias na criação de um novo produto.
2) Leia, no TechCruch, Inside A Google Ventures Design Sprint, texto (com um vídeo) o time de SDS do Google ajudando a startup CircleUp.
3) Leia Sprint: How to Solve Big Problems and Test New Ideas in Just Five Days, livro de Jake Knapp, John Zeratsky e Braden Ko, três parceiros da GV. É um guia prático sobre as principais questões para se construir produtos de forma rápida.