Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
PROPTECH
O que acham que é: O mesmo que construtechs.
O que realmente é: Proptech é o nome que se dá a startups do mercado imobiliário que utilizam tecnologias como blockchain, internet das coisas, inteligência artificial, softwares de gestão e drones, entre outras, para oferecer serviços e produtos inovadores ao setor.
Mas uma outra definição (na qual você provavelmente pensou) também é válida: Proptechs são a versão, no mercado imobiliário, das Fintechs, empresas que vêm transformando o setor financeiro por meio da tecnologia, a ponto de assustar e mobilizar os modelos tradicionais. É a onda do sufixo tech crescendo e se espalhando: temos as Insurtechs (seguros), Edtechs (educação) e Legaltechs (área jurídica).
Segundo Pietro Bonfiglioli, cofundador da fábrica de startups Fisher Venture Builder, no setor imobiliário ainda há outras techs. “Há as ReTechs ou Real Estate Techs, voltadas a Real Estate, e as ConTechs ou Construtechs, que atuam na construção. Elas por vezes se confundem, mas cada uma está associada a um subsetor do mercado imobiliário.”
Para o advogado Bruno Balduccini, membro da Comissão de estudos sobre Instituições Financeiras da OAB-SP e coordenador da Comissão de Direito Financeiro do IBRADEMP (Instituto Brasileiro de Direito Empresarial), as Proptechs têm o objetivo de eliminar o que ele chama de “dores” dos serviços que envolvem propriedades imobiliárias. “Pode ser o aluguel de um imóvel, a gestão de condomínios, a intermediação imobiliária e até mesmo as reformas”, diz.
Mês passado, o jornal New York Times publicou uma matéria (link no item “Para saber mais”) sobre o crescimento das Proptechs e cita um report de 2017 da RE:Tech (agência de marketing de pesquisa tecnologia) que, entre outros dados, diz que investidores de risco aportaram 12 bilhões de dólares nesse tipo de empresa. Já a Fisher Venture Builder recém lançou um report bastante completo com informações deste ano.
Quem inventou: Não existe autoria conhecida para o termo que, acreditam alguns, surgiu na década de 1980, com a criação dos primeiros softwares de análise de dados, modelagem e gestão de empreendimentos.
De acordo com Bonfiglioli, nos anos 2000 começaram a surgir os primeiros sites de procura, listagem e cadastros de propriedades, como Rightmove no Reino Unido e Trulia nos EUA. “Essa era é chamada, por alguns, de Proptech 1.0 e foi alavancada pela internet, levando as soluções ao público B2C e foi marcada principalmente por agregadores e marketplaces.”
A era das Proptechs 2.0 teve início na década seguinte, com o avanço das tecnologias como Data Analytics e surgimento de soluções B2B no modelo SaaS para compra, venda, gestão e investimentos. “Foi também o início dos primeiros experimentos com Realidade Virtual e Realidade Aumentada”, diz.
Para que serve: As Proptechs atuam em todas as etapas do ciclo de vida imobiliário, seja em produtos ou nos serviços. Alguns exemplos são aluguel, compra, venda e gestão de imóveis; financiamento de obras, escolha e compra de terrenos (a chamada landbank), lançamentos, documentação etc.
Quem usa: Uma das Proptechs mais conhecidas no Brasil é o QuintoAndar, plataforma que conecta, de forma simples e segura, anunciantes de imóveis a pretensos locatários, sem intermediação. Segundo Balduccini, a empresa cumpre o principal objetivo das Proptechs: facilitar a vida das pessoas. “Basicamente, o QuintoAndar faz um match de perfis e interesses, ajudando a aproximar as partes. Mas, mais do que isso, faz todo o trabalho do dono e da pessoa que quer alugar e chega a garantir os pagamentos e o default de um inquilino.”
A Atta é uma plataforma que facilita a procura e a contratação de crédito imobiliário, dá garantia locatícia para os compradores ou inquilinos e ainda previsibilidade para o incorporador na hora do repasse. A Gero Obras, “o primeiro engenheiro digital do mundo”, ajuda no planejamento de obras, evitando atrasos e estouro de orçamento. A Urbe.me e a Glebba são empresas de crowdfunding imobiliário.
Efeitos colaterais: Necessidade de validação e aperfeiçoamento do modelo de negócio. Para Balduccini, a questão se resolve, assim como todas startups que estão começando, oferecendo os serviços para os usuários. “Pode ser que algumas empresas não sejam viáveis mas as Proptechs, no geral, têm mais pontos positivos do que negativos.”
Na mesma linha, Bonfiglioli diz que novos modelos de negócio, produtos e serviços precisam ser testados e aperfeiçoados com o tempo. “Ainda não existem soluções definitivas para diversas dores do setor, mas o único jeito de melhorar é tentando.”
Quem é contra: Possivelmente empresas que oferecem, ainda de forma tradicional, serviços e produtos no setor imobiliário.
Para saber mais:
1) Leia, no New York Times, Seeking an Edge, Developers and Investors Turn to ‘Proptech’.
2) Leia, na Forbes, 7 Questions On Proptech That Will Make You Sound Like A Pro.
3) Leia, no The Guardian, Proptech: the businesses transforming the housing market.