Aconteceu tudo muito rápido na GoEpik. Os quatro sócios sentaram para conversar em outubro de 2016 e em janeiro deste ano a startup estava a todo vapor oferecendo uma plataforma de realidade aumentada a empresas com o objetivo de reduzir custos e aumentar a produtividade. Para quem não sabe, realidade aumentada é uma tecnologia que une o mundo real e o virtual. A sacada da GoEpik é ter criado uma plataforma digital para ser usada em linhas de produção industriais, onde é capaz de guiar profissionais para fazerem procedimentos específicos. A câmera de um tablet ou smartphone projeta imagens sobrepostas aos equipamentos reais indicando, por exemplo, a melhor forma de um operador reparar uma máquina.
Em seis meses de existência, a GoEpik já gerou 200 mil reais de receita e conquistou como clientes empresas de grande porte como Renault, Natura, Bosch, BR Foods e Porto Seguro. Agora começa a olhar mais à frente e tem viagens internacionais no calendário: seu fundador vai para Bogotá, na Colômbia, em outubro, e depois participará da principal conferência de startups do mundo, o Websummit, em Lisboa, no início de novembro. A GoEpik será a representante brasileira no evento por ter sido a primeira colocada, ou “a TOP 1 mais atraente”, do Ranking 100 Open Startups Brasil 2017.
UMA COISA LEVA À OUTRA
O idealizador da GoEpik, Wellington Moscon, 33, é formado em Tecnologia da Informação e possuía outra empresa de tecnologia em parceria com a esposa, a advogada Priscila Santos Moscon, 27. Trata-se da Eruga, também uma plataforma digital que oferece soluções em realidade aumentada para treinamento imersivo. Há quatro anos, a Eruga foi incubada pelo Senai-C2i (ou Centro Internacional de Inovação) em Curitiba, cidade onde Wellington nasceu e deu todos os passos até se mudar para São Paulo, em fevereiro deste ano.
No Senai ele conheceu Lucas Straub, 24, com formação em análise e desenvolvimento de sistemas, e o convidou para entrar de sócio como desenvolvedor sênior da Eruga. Também chamou Igor Pierucini, 26, com formação em jogos digitais para ser diretor de inovação. Em novembro, enquanto a sua segunda startup passava por incubação, também no Senai, Wellington deixou seu antigo negócio e apostou todas as fichas na nova empresa.
Ele está no caminho. Hoje, a GoEpik integra o portfolio da Oxigênio, aceleradora da Porto Seguro que tem como parceira a Plug and Play Tech Center, do Vale do Silício. Essas duas empresas investiram 50 mil dólares (cerca de 158 mil reais) em troca de 10% das ações da startup – cada uma tem 5%.
A proposta da GoEpik é ser rápida não apenas no alcance de resultados. Wellington conta que a velocidade em conseguir implementar sua plataforma nas empresas, usando a metodologia Lean Startup, é fundamental para agradar os clientes:
“Temos esse conceito de errar rápido. O que isso quer dizer? A gente tenta sempre estar um passo à frente do problema que pode acontecer e assim amenizá-lo”
O estilo Usain Bolt de ser exige também que os funcionários tenham um perfil diferenciado, ele diz. Por isso, a escolha das pessoas para fazer parte do time da GoEpik tem sido o principal desafio encontrado pelo fundador até aqui: “A área que exige muita flexibilidade sobre folga e horários, por exemplo. A cobrança de entregar resultado para o mercado é grande. Se a pessoa não estiver acostumada, fica complicado. Demoramos para encontrar as pessoas que têm cargos estratégicos”.
Mas o time cresce. De janeiro até aqui, a startup triplicou o número de funcionários: além dos quatro sócios, 13 outras pessoas integram o time. Em relação ao faturamento, Wellington diz que a expectativa é arrecadar seis vezes o que conseguiu até aqui e fechar 2017 com 1,2 milhão de reais de faturamento. O caminho para isso é vender os seis itens de sustentação de sua startup: manutenção autônoma, manutenção planejada, manutenção da qualidade, melhoria específica, educação e treinamento, além do três em um: segurança, saúde e meio ambiente.
EU TE AJUDO A GASTAR MENOS, VOCÊ ME PAGA POR ISSO
A instalação e a manutenção de cada um desses itens custam 4 mil reais por mês. Ou seja, uma empresa que tem o interesse em todos os serviços da startup pagará mensalmente por volta de 24 mil reais. Além disso, a GoEpik recebe um percentual que varia entre 20% e 30% em cima da redução de custos da empresa que prestou serviço: é esta a principal fonte de renda da startup.
Wellington conta que, ao utilizar todos os seus serviços, uma grande empresa pode conseguir economizar até 10 milhões de reais por ano. Para sair da teoria e dar um exemplo prático, ele fala sobre o caso da Renault, onde a GoEpik está com o serviço mais avançado. A gigante francesa, que optou por dois módulos de serviço, trabalha com a expectativa de aumentar a produtividade, num movimento que deverá representar a economia de alguns milhões de reais até o final do ano.
O ciclo completo de funcionamento da plataforma GoEpik, de maneira resumida, funciona assim: as máquinas atualmente já possuem sensores e o programa da startup faz um setup do sistema existente. A partir daí, a máquina passa a enviar todos os detalhes de funcionamento para a plataforma. Para realizar qualquer alteração no modo de produção, um aviso é enviado para o celular do operador.
Por exemplo, o rolamento da máquina está desgastado e precisa ser trocado. O funcionário recebe esse aviso, vai até o local do problema e aponta o celular para o equipamento. Com um óculos especial, ele vê, por meio da realidade aumentada, os procedimentos que precisam ser feitos para realizar a manutenção. Wellington fala: “Com isso, em vez de gastar um baita dinheiro trocando um rolamento que quebrou, ele antecipa a manutenção, substitui algumas peças e isso gera uma economia para a empresa”.
O sistema criado ajuda, ainda, no treinamento de funcionários por meio da gamificação. A realidade virtual simula procedimentos que podem acontecer durante a jornada de trabalho, eventuais acidentes, e analisa se o funcionário tem capacidade para resolvê-lo. Por meio de algoritmos, o sistema também informa se a pessoa está apta para começar a trabalhar ou se precisa seguir em treinamento.
Todo esse conceito faz parte da “indústria 4.0”. Wellington acredita que o mercado brasileiro já compreendeu que entrar nessa nova fase de modernização é fundamental. No entanto, diz que para abrir caminho nas principais empresas do país tem precisado, antes de qualquer outra coisa, comprovar os resultados grandiosos que pode atingir:
“A indústria brasileira sabe da importância de se modernizar. Quem não fizer essas mudanças pode ter problemas de competitividade e produtividade no futuro”
Por enquanto, a Goepik atua sozinha no mercado. Não à toa foi eleita a startup mais atraente do Brasil. O empreendedor espera, agora, conseguir expandir o conceito criado por ele na América Latina e, depois, para o mundo inteiro. “Fico muito feliz em levar para outros países um conceito 100% brasileiro. Me dá muito orgulho ter a possibilidade de ir para Portugal e mostrar que aqui, apesar do momento conturbado que a gente vive, também tem gente bastante séria e comprometida buscando o novo, gerando emprego. Essa recompensa não tem preço.” A ideia é ser épico.
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